quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Metamorfose:


O Resultado:

Tea Time!

Sempre achei chá e vinho bebidas especiais, mágicas, intimistas, ritualísticas e até certo ponto contemplativas. Com relação ao vinho, não me auto-proclamo sommelier ou mesmo enófila experiente. Apenas gosto de saborear um bom vinho e na hora da escolha sigo o que meu paladar aprova. Prefiro os secos e meio-seco aos suaves que acho muito adocicados e me recordam as famosas sangrias do meu tempo de adolescência feitas com os vinhos Capelinha, Dom Bosco e Sangue de Boi (se é que podem ser chamados de vinhos). O detalhe é que sou muito fresca na hora de saboreá-lo. A taça tem de ser adequada, pois acho heresia beber vinho em copo. Prefiro não tomar. Heresia maior é colocar gelo pro vinho ficar geladinho..argh!!! O acompanhamento deve ser exclusivamente pão e queijo dos mais variados. O ambiente deve ser tranqüilo e necessariamente tenho de estar sozinha ou, no máximo, acompanhada de um bom livro, para que possa sentir calmamente, todos os sabores e texturas. E nesse clima de harmonia os pensamentos correm soltos trocando idéias entre eles criando um campo fértil para lembranças agradáveis e sonhos promissores. O bom desse ritual é que não existe lacuna para a emrbiaguês se instalar, porque refletir auxilia na moderação do espaço de tempo entre as taças ingeridas e essa parcimônia nas doses favorece a tentativa de aproveitar cada momento de introspecção e eternizar ao máximo essa sensação de plenitude.

Com o chá, por sua versatilidade, sou mais democrática. Quente ou gelado e de qualquer sabor induzem a reflexão coletiva. Neste ritual amigos são bem-vindos. Do papo-furado ao debate existencial, prosear degustando um bom chá é muito estimulante e criativo. As idéias parecem brotar naturalmente estimuladas pelo aroma dessa bebida agradável, revigorante, saudável e medicinal. A única exigência é com relação ao acompanhamento: biscoite/ bolachas e geléia . Bolo nem pensar, pois eles são companheiros ideal para o café, meu quase-vício.

Recentemente, minha sobrinha e seu marido me presentearam com um chá que só aumentará meu nível de frescura. Adoro novidades e sabendo disso eles me enviaram um chá em forma de botão de flor que desabrocha quando acrescentamos a água fervida à jarra de vidro exalando o aroma da flor que originou o chá, nos presenteando com um visual maravilhoso. Agora terei uma ritual precedente ao ritual do chá. Terei seis minutos ( o tempo que a flor leva pra desabrochar) para refletir sobre o encanto que é a metamorfose do pequenino botão de flor numa saborosa e calmante bebida que irá estimular o diálogo e a interação com amigos ou minhas confabulações solitárias.

Um brinde à vida que nos presenteia com sabores tão espetaculares!


Créditos: A metamorfose: Paper Blue Abyss1 by SAL e Elementos by Glenda Ketcham. O resultado: Frame by Birgit Kerr.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009


Crédito: Kit Nacimiento by Karla

sábado, 19 de dezembro de 2009




Envelhescência

O fato de estar faltando pouco tempo para me tornar uma mulher sexy...xagenária anda me deixando um pouco pensativa e às vezes me surpreendo imaginando como será enfrentar a velhice e suas consequências. Imediatamente, minha mente é povoada por senhores magros de feições orientais sentados na posição de lotus, cujo semblante irradia tranquilidade e respeito, onde todos a sua volta estão ansiosos por beber nesta fonte viva de sabedoria. As palavras proferidas, impregnadas de metáforas belíssimas que encerram lições de vida extraidas de experiências ricas e felizes, são escutadas, meditadas, absorvidas e, posteriormente, serão agregadas aos valores morais e espirituais de um povo através das gerações.

Mas, quando saio desse devaneio existencial me deparo com uma realidade bem diferente. Pelo menos para mim e a maioria dos futuros velhinhos de minha geração.
Pra inicio de conversa os envelescentes de minha época jamais poderiam sentar no chão cruzando as pernas como nos exercícios de ioga porque todas as articulações do corpo entoariam uma esdrúxula sinfonia anunciando que insistir na posição acarretaria o risco de quebrar todos os ossos, ou, na melhor das hipóteses, abandonar tal postura apenas seria possível com o auxilio de um guincho muito potente. É a famosa fase do com...dor. Nesta bendita fase posições como esta são consideradas contorcionismo e, na maioria das vezes, até o simples ato de caminhar faceiramente nos limita e obriga a soltar a criatividade para que nossa orgulho e vaidade não despequem ladeira abaixo. Exemplo disso é quando estamos sentados em público e precisamos levantar rapidamente. Nesta hora necessitamos de toda nossa capacidade teatral para, delicada e elegantemente, fingirmos que estamos admirando o ambiente ou procurando algo ou alguém muito interessante. O ideal é ter ao lado uma vitima...oops, companhia para encenarmos uma conversa furada como se fosse a mais importante e animada do planeta, procurando passar uma idéia de falta de interesse em encerrar um papo de vital importância para a humanidade. Tudo isso pra disfarçar as dores torturantes que se manisfestam contra nossa vontade quando passamos muito tempo sentados.
Isto sem mencionar o enfraquecimento da memória e do raciocinio que se tornam tão lentos quanto uma tartaruga com cãimbras e a resistência física que se esgota facilmente nos dando a sensação de que subir um simples batente exige o mesmo esforço que escalar o Monte Everest. Os incansáveis pés-de-valsa de outrora cedem lugar aos dançarinos por insistência cujo requebro corporal resume-se no levantar dos braços e agitar freneticamente os indicadores para acompanhar o ritmo da música, pois os sacolejos de outras partes do esqueleto podem desconjuntar nossa lombar obrigando-nos a permanecer o dia seguinte acamados maldizendo a hora em que resolvemos insistir em relembrar nossos anos dourados mesmo sabendo que nenhum lubrificante potente conseguiria bons resultados em nossas juntas enferrujadas.
Mas, apesar dessa PVC (P....da Velhice Chegando), ou PVI (P....da Velhice Instalada) para os mais adiantados no tempo do que eu, acredito que acharei interessante essa minha futura fase, porque apesar dos malabarismos pra conviver com os limites da idade, a vida continuará bela e descortinando uma porção de possibilidades que ainda poderei aproveitar intensamente. Basta procurar métodos alternativos pra compensar os desgastes das peças da máquina Ser Humano Modelo Anos Cinqüenta, efetuar algumas adaptações no estilo de vida e seguir confiante de que sou obra de arte de nosso Criador constantemente valorizada à medida que o amor e o respeito sejam prioridades no relacionamento com meu semelhante. Assim, voltarei a ser poderosa. Sem muita capacidade física, é claro, mas com uma tuia de idéias e sonhos para por em prática, porque o show da vida deve continuar. E no que depender de mim sempre procurarei ser a estrela principal deste show. Afinal, não dizem que na velhice voltamos a ser crianças?! Se isso é verdade estou acabando de nascer e tenho muitos sonhos e projetos que pretendo realizar pelai. Entonces, dá licença que eu vou à luta!!!!


Créditos: Frame New Stone by Loucee. Imagem: Profissão Saúde.